Diário da Manhã
André Junior - Especial para Opinião Pública
Quando o álcool destrói uma vida, mais algumas se acabam logo em seguida, a família toda é atingida severamente. Aos poucos, silenciosamente á sombra de cada gole e cada porre perde-se um amigo, um vizinho, um primo, um irmão, esposa e filhos, o que sobra é uma mãe sofrida, família despedaçada.
Geralmente as pessoas ingerem bebidas alcoólicas como fuga de uma realidade que é pra todos, mas que não é aceita por alguns. A bebida deixa mais feliz, faz com que o medo desapareça. O senso do ridículo é eliminado já nos primeiros goles, o lado do posso tudo e ninguém tem nada com isso, dá as cartas logo em seguida, caso alguma pessoa dê um conselho que a bebida não é remédio, é imediatamente ameaçada, pois o bêbado tem falsa sensação que não bebeu muito e não está alcoolizado.
Esse é o perfil de um motorista embriagado, com potencial pra causar acidentes e acabar em tragédias. Portanto, deixar alguém embriagado pegar as chaves do carro e dirigir é mesmo que deixar um macaco pegar uma arma de fogo carregada.
Os veículos estão atingindo a incrível marca de 100k/h em poucos segundos. O ato de dirigir envolve um complexo processo de interação das funções psicológicas e cognitivas.
Os motoristas estão expostos no transito a fatores de riscos, e conduzir um veiculo exige memória e atenção. Tomada de decisões, em um ambiente repleto de informações, como tráfego de pedestres, de outros veículos, diversidades de sons e imagens. A multiplicidade de fatores envolvidos no ato de dirigir influencia no comportamento dos indivíduos, e consequentemente sua forma de conduzir seus veículos.
Tempo, velocidade e distancia percorrida, em um simples ato do motorista, caso ele esteja á velocidade de 100 km/H e tome um copo dágua, 4 segundos de tempo gasto, ele percorreu 110 metros. Acender um cigarro, 3 segundos, percorre 80 metros. Sintonizar o rádio, 4 segundos, 110 metros. Consultar um mapa, 4 segundos, 110 metros percorridos sem perceber o que aconteceu. A utilização do telefone celular, 5 segundos ou até mais tempo que se leva, isso significa 200 metros ou mais percorridos, sem o motorista ter noção do ambiente á sua volta.
Caso o motorista esteja alcoolizado como seria esse gráfico? O cenário seria grave e trágico, com sequelas inimagináveis.
Segundo estudos sobre a percepção e reação, o processo leva em torno de 2 a 2,5 segundos. Esse é o tempo que se tem pra tomar qualquer decisão dirigindo a velocidade de 100 km/h. São mais de 40 mil mortes a cada ano no transito, somado com o crescente numero de assassinatos que também há em boa parte das mortes ligação com o consumo de álcool, são mais de 50 mil ao ano, temos um total de mais de 90 mil mortes, é a população de uma cidade de médio porte brutalmente dizimada. Vidas que poderiam e deveriam ser preservadas.
Educação e conscientização são medidas de efeito á médio e longo prazo, o que precisa e deve ser feito de imediato, efetuar rigorosa fiscalização no transito, aliado a aplicação rigorosa da Lei sobre os infratores da Lei Seca.
Pode-se fazer um levantamento sobre os horários que mais acontecem acidentes envolvendo motoristas embriagados, os hospitais podem fornecer com segurança essa resposta. Pelo que pesquisei o horário e dia mais crítico com acidentes graves, envolvendo motoristas alcoolizados, é no horário das 17 horas até ás 21 horas do dia de domingo. Mas, foi uma pesquisa sem nenhum critério técnico. Pode ser feito é: direcionar as ações de fiscalização, intensificando nos dias e horários críticos, assim ficará mais fácil identificar a maioria dos cretinos, que levam tristezas profundas a sua e á outras famílias.
A sociedade precisa buscar uma saída pra esse caos que é predominante no transito de Goiânia, não podemos fechar os olhos, pois todas as famílias viveram ou sabem de um ou outro caso de violência no trânsito. Banalizar a morte é deixar de amar a vida.
A combinação juventude, álcool e velocidade é a receita infalível para acidentes dramáticos. É preciso que os pais entrem em ação. Antes de tudo, que dê bons exemplos aos filhos, depois, que cobre muito, sejam rígidos, repetitivos, incansáveis, não deixe que o álcool tire o filho dos braços de vocês.
A escola também deve contribuir com a formação de cidadãos respeitadores e cumpridores das leis, sejam elas quais forem.
O governo tem que agir com severidade na aplicação das leis existentes e adequá-las sempre que for possível, pois as brechas surgem, e infelizmente as usam para cobrirem barbaridades e atrocidades cometidas no transito.
Viva intensamente: valorize sua oportunidade de viver e respeite a vida alheia
(André Junior membro UBE União Brasileira de Escritores Goiás)