Vila Santa Cecília: Bairro operário se transforma em um grande Centro Comercial

Publicado em Terça, 28 Novembro 2017 10:51

Vila Santa Cecília: Bairro operário se transforma em um grande

Centro Comercial

Rua de compras realizada no bairro atraiu cerca de 100 mil pessoas, mas a Vila ainda mantém a parte residencial tranquila

 

Quem passa pela Vila Santa Cecília, não imagina que antes de um grande centro comercial todo o espaço já foi uma fazenda. Adquirida pelo Governo Estadual em 1941 e doada oficialmente à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em 1943, a localidade foi fundamental para viabilizar a instalação da Usina Presidente Getúlio Vargas e colocar o Brasil entre os maiores países na produção de aço. Foi a partir da implantação da CSN, que Volta Redonda conseguiu a emancipação política e ficou conhecida como Cidade do Aço.

A partir da aquisição da fazenda foi elaborado o projeto da Vila Operária, hoje Vila Santa Cecília, para construir moradias e hotéis, atendendo os futuros funcionários da CSN, engenheiros e operários casados e solteiros. O bairro foi legalizado pelo Decreto 1088/79 e pelas Leis Municipais 4443/08 e 4579/09 com 62 ruas, uma avenida, um viaduto, 10 pontes e 03 passarelas.

Hoje, com mais de cinco mil moradores e uma área urbana de 54 km2, acolhe os principais monumentos e patrimônios históricos do município. Na Vila Santa Cecília está a Praça Brasil com as estátuas do ex-presidente Getúlio Vargas, general Edmundo Macedo Soares e Silva (construtor da CSN e de Volta Redonda), e o obelisco de pedra, que homenageia quatro setores da CSN (Coqueria, alto forno, laminação e aciaria). É também na Vila que fica o único monumento feito pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o 9 de Novembro – que faz referência aos três operários que morreram na siderúrgica, durante uma greve.

Bem no centro do bairro, fica o Colégio Estadual Manuel Marinho, um grande e importante colégio na cidade; a Universidade Federal Fluminense (UFFRJ); os teatros do Gacemss e Santa Cecília; além da Igreja Santa Cecília; Cine 9 de Abril; Memorial Zumbi do Palmares; Memorial Getúlio Vargas (exposição permanente); Biblioteca Municipal Raul de Leoni (a maior biblioteca pública da região); e escultura “o Arigó”, que fica em frente ao Escritório Central da CSN, feita com aço fabricado pela Companhia para homenagear seus operários. 

O bairro, embora o comércio tenha aumentado muito, continua com bastante moradores. Na opinião de quem está sempre pela Vila, seja a trabalho ou por moradia, o bairro atende praticamente todas as necessidades do cidadão.  

 

Há anos como funcionária de uma loja na Rua 16, Estelita Simões Santana fala dos benefícios para o comércio. Em setembro, o bairro recebeu a Rua de Compras – evento organizado pela CDL Volta Redonda (Câmara de Dirigentes Lojistas), com apoio da prefeitura – e atraiu cerca de 100 mil pessoas.

A Vila é um bairro muito bom porque é o bairro mais central de Volta Redonda. Por aqui há uma enorme facilidade em transporte público, pois há muitos pontos de ônibus. É perto da CSN, supermercados, sapatarias, lojas de alimentos, e grande variedade de comércio. Nós trabalhamos com todo o público, independente de classe social”, afirmou Estelita.

O Mercado Popular na Praça Brasil também atrai muita gente, até mesmo quem vem de cidades vizinhas. “Gosto de comprar em Volta Redonda, especialmente na Vila, porque aqui encontro tudo que quero”, afirmou a autônoma, Elaine Cristina Melo.

O aposentado Milton Lavorato, ex-metalúrgico, atualmente complementa a renda familiar vendendo artesanato embaixo da Biblioteca Raul de Leoni. Ele escolheu a Vila para trabalhar por causa do fluxo intenso de pessoas. “O bairro é o cartão de visitas da cidade, o coração de Volta Redonda. O espaço público que temos é muito bom, temos o Memorial Getúlio Vargas, Zumbi dos Palmares e o Zélia Arbex. Por isso e outras atrações, muita gente circula por aqui diariamente”, frisou Milton.    

Área Verde

E, quem disse que um bairro tão urbano, não pode conter uma área verde? Parte da Foresta da Cicuta, que ocupa área de 131 hectares dentro da Fazenda Santa Cecília (particular, da CSN) é, desde 1985, é preservada por lei federal por abrigar espécies nativas (flora e fauna) da Mata Atlântica.

O bairro, então operário, transformou-se no centro comercial mais moderno e diversificado de toda a região Sul Fluminense. Morador há 31 anos na Vila, Clodomir do Nascimento, acrescenta que mesmo com as opções de comércio, o bairro continua excelente para moradia. “Temos certa dificuldade de estacionar, por conta da quantidade de comércio existente no bairro, mas morar aqui é muito bom. É um bairro com atenção do poder público e com uma população muito tranqüila e pacífica”, afirmou.   

Mobilidade Urbana

Em relação às vagas, o empresário Roberto Vicentini, dá a dica. “Eu deixo o meu carro na garagem e venho de transporte coletivo, que me gera economia e não pago estacionamento. A locomoção é boa e tranquila porque são várias linhas que passam por aqui”, comentou Vicentini, reforçando o que o prefeito Samuca Silva vem pleiteando para a cidade, com alterações no trânsito e com o projeto Tarifa Comercial Zero, que tem um ponto exclusivo no bairro.

“A frota de veículos de Volta Redonda aumentou, entre 2001 e 2015, 136%. Enquanto a população, no mesmo período, cresceu 7,17%. Com o comércio e tantas outras atrações na Vila Santa Cecília, o bairro recebe um fluxo intenso de veículos. Por isso, estamos buscando soluções para a mobilidade urbana, como a melhoria do estacionamento rotativo e do transporte público e a implantação do projeto Tarifa Comercial Zero”, enfatizou o prefeito. 

Por José Afonso Gonçalves, com fotos de Gabriel Borges e Geraldo Gonçalves / Secom VR